“Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.”
DAVID MOURÃO-FERREIRA
[COMENTÁRIO: Recbi este poema agora por e-mail, vindo de uma grande Amiga minha, Para além do poema em si mesmo, que é excelente, tem o valor acrescido de vir de uma grande amiga que, tal como eu, fomos alunos do David Mourão-Ferreira, excelente poeta, escritor e, last but not the least, excepcional professor.
Com ele desejo a todos os que o merecem, os que têm como característica fundamental a bondade, um excelente Natal e um 2019 melhor do que dentro de dias se acaba]
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