“(...) Abri O primeiro homem, de Camus. Eu já tinha lido o livro um tempo antes, mas havia ficado tão envolvida que não retive nada. Isso tem sido um enigma intermitente na minha vida. No início da adolescência eu ficava lendo horas a fio num pequeno bosque perto da linha de trem em Germantown. Assim como o personagem Gumby, eu entrava num livro de corpo e alma, e às vezes me aventurava tão a fundo que era como que vivesse nele. Terminei muitos livros desse jeito ali, fechando a última página em êxtase, mas enquanto voltava para casa não me lembrava mais do seu conteúdo. Isso me perturbava, mas não revelei aquela estranha aflição a ninguem. Olhava para as capas daquelas obras e seus conteúdos permaneciam um mistério que eu não conseguia decifrar. Eu adorava certos livros, vivia com eles, mas não conseguia rememorá-los. (...)” PATTI SMITH (Patti Smith, Linha M, Companhia das Letras, São Paulo, 2016)
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