"Dr. Albino S. Martins"
"Editorial"
"Um republicano que assistiu ao 31 de Janeiro.
Dr. Albino Martins morreu há cem anos.
Albino Soares Martins nasceu em Macinhata da Seixa no dia 30 de Janeiro de 1870.
Da casa de Gemieiro, filho de Domingos Martins Soares e de Maria Rosa Nunes dos Reis, da casa do Rego, de Pinhão,sobrinha do reitor Luís António Nunes de Pinho, pároco de Macinhata durante 26 anos. No vigor dos 21 anos, cursava a Escola Médico-Cirúrgica do Porto quando eclodiu a revolução de 31 de Janeiro de 1891, primeira tentativa da implantação da República, e o acontecimento poderá ter sido decisivo na sua vida.
Formado em 1896, é nomeado no ano seguinte médico do partido municipal do Pinheiro da Bemposta, onde o desprendimento e entrega aos mais desprotegidos o levam a granjear grande estima.
Em 8 de Junho de 1901 casa na igreja de Macinhata com Maria Vitória da Silva Alegria, filha do grande benemérito António Alegria, e passa a residir numa bela casa oitocentista da Bemposta, que ainda existe.
Entretanto, em 1908, instala-se a chamada ditadura de João Franco; como se diria no panegírico fúnebre, “veio o franquismo e, quando a luta era mais acesa, quando a manifestação sincera de republicanismo punha em perigo a liberdade e a vida, o dr. Albino Martins ostentava- se publicamente republicano, organizando a comissão paroquial política do Pinheiro da Bemposta, fazendo parte da comissão política da vila de Oliveira”.
Proclamada a República, Albino Martins associa-se, entusiasmado, às manifestações de júbilo, mas a doença implacável atingi-lo-ia em breve, diz a tradição que um tumor pulmonar do grande fumador. “Conhecendo o seu estado, e não acreditando na salvação, teve sempre a coragem de se conservar sereno e resignado perante a família que o adorava”.
Faleceria no dia 15 de Abril de 1912. Há precisamente cem anos. Instalara-se nos últimos tempos na casa da sogra, na Rua de António Alegria. O funeral, para o cemitério da vila, constituiu uma rara manifestação de pesar. Morria o “pai dos pobres”.
Ficaram órfãos Maria Aldina, Maria Adília, Maria Adelaide, Alberto e Maria Albina, respectivamente de 9, 7, 6, 4 anos e dez dias de idade. Uma tragédia familiar que a viúva Maria Vitorina, de 32 anos, teve de enfrentar.
Maria Aldina casaria com Júlio Borges e construiriam a moradia na Gândara; Maria Adília criaria, na robustez dos 18 anos, a Casa Escola, embrião fecundo, de parceria com António de Almeida, do extinto Colégio, “alma mater” de sucessivas gerações e gérmen da Escola Ferreira de Castro; Maria Adelaide casaria com o juiz Camilo Sá Couto, enviuvando aos 41 anos; Alberto foi gerente da Caixa Geral de Depósitos; Maria Albina faleceu criança."
PROF. ANTÓNIO MAGALHÃES director do jornal Correio de Azeméis
COMENTÁRIO : Albino S. Martins foi o meu avô materno, de quem humildemente muito me orgulho. O prof. Magalhães foi professor, jornalista e autêntico historiador. Bem haja a ele por artigo tão verdadeiro e justo!
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