Começa hoje em Fortaleza mais um Pro-dança. Nunca devo
esquecer que foi na edição de há cerca três anos que
começou a minha ligação mais activa ao mundo da dança.
Até então fui sempre mero espectador fervoroso do que de
melhor se dançava em Portugal e Países-Baixos. O gosto
estava formado. A ida ao Pro-dança ligou-me à mesma
através da minha outra paixão que é a arte fotográfica. Há
pucos meses a Marina Carleal, presidente do evento,
convidou-me pessoalmente para ser o artista fotógrafo
convidado desta nova edição do Pro-dança com exposição
individual dedicada ao tema. Como ela não tinha ainda a
certeza da data exacta da realização da mesma, prometi
que o faria se estivesse nessa altura em Fortaleza. Há cerca
de um mês reforçou o convite transmitindo por email a
data. Estava eu em Marrakech e prometi tudo tentar,
mesmo à distância, para corresponder a tal convite. Havia
razões para isso: adoro a dança, adoro a fotografia artística
e adoro a gentileza da Marina. O tempo foi passando,
houve um atrazo de três semanas no meu regresso a
Portugal (aqueles amigos de Marrakech são mesmo
convincentes...) e acabou por se tornar impossível a
exposição, tanto mais que sempre gosto de controlar
pessoalmente todas as etapas da mesma: criação
fotográfica, escolha, ajustes técnicos, escolha do processo
das ampliações, seu aceitamento ou rejeição,
enquadramento e montagem. Cheguei a pensar alterar
desta vez, excepcionalmente, esta sequência, enviando as
fotos para pessoa de confiança no mundo da impressão
fotográfica em Fortaleza (já existentes) já trabalhadas,
fazendo ele os acertos na paleta de claros e escuros da
máquina impressora e a ele deixando o trabalho de
montagem. Acontece que os dias foram passando, cada vez
mais preenchidos por tudo que de novo foi, como bola de
neve, acontecendo em Marrakech e noutros lugares, que a
certa altura fazê-lo seria um risco para a qualidade da
mesma. Assim como gosto da perfeição criativa e
interpretativa na dança, o mesmo exijo de mim mesmo em
exposições, algo que hoje em dia rarissimamente faço, pela
trabalheira, responsabilidade e um certo cansaço, depois de
nos anos noventa ter feito quarenta individuais em dez
anos em dez países diferentes. Depois disso limitei-me a
mínimos excepcionais: uma exposição em Díli (Timor-
Leste), realizada com a colaboração de quatro amigos
timorenses, por paixão para com aquele país que adoro e
agora em momento tão difícil da sua existência, uma
exposição no MAUC de Fortaleza e a última há poucas
semanas em Ouezzanne (Marrocos) a pedido insistente de
meu irmão (Cônsul Honorário do Reino do Marrocos no
Algarve), com fotos que lá expressamente fui criar em
pouco mais de oito horas. Esta mesma exposição vai ser
apresentada na Fundação Sidi M'Chiche El Alami do Dr. Mustapha M'Chiche El Alami em
Kenitra e em Outubro num lindíssimo ryad-cultural na
Medina de Marrakech, desde que devidamente
complementada com as ideias que transmiti à sua
comissária, a minha grande Amiga Sakira e a meu irmão.
Ela queria muito para lá a exposição sobre a dança. Para já
reservo-a, em princípio, para uma primeira apresentação
no Brasil, de preferência envolvendo a Marina Carleal, não
excluindo apresentá-la para o ano em Marrakech, cidade de
que tanto gosto, mas em moldes dignos do espaço, de
quem a organiza e de quem eu gostaria que a visitasse.
Para já ficam votos de uma excelente Pro-dança deste ano,
pois a minha paixão pela dança "tout court", embora em
especial pela do Brasil e dos Países-Baixos, está sempre
presente em mim.
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