Quem vê o cartaz pode pensar: mais um festival. Não é assim. Aqui há sempre algo de diferente. É um festival de ópera para jovens. Há ópera em autocarros (bras: ônibus) e em apartamentos. Ópera no seio da sociedade. Em três carreiras de autocarros pode ir-se à ópera com um bilhete. Em outras três pode-se reservar lugar. Na carreira 11 pode-se entrar e sair nas paragens que se quizer. A carreira 11 vai para a O Hospital Pediátrico Wilhelmina (um dos hospitais que, com o o Hospital Académico de Utrecht e o Hospital Militar, formam o Centro Médico Universitário (de Utrecht), um complexo enorme, dos melhores da Europa). O organizador do Festival pediu aos doentes de diálise para escreverem textos. Segundo ele, o conjunto como que se tornou uma espécie de “Winterreise”. Muitas vezes as crianças estão sentadas no autocarro a pensar que nada de especial ali acontece, perguntando-se porquê estar ali e não poder ir para outro lugar. O texto dessa ópera trata exactamente desse assunto. O próprio compositor encarrega-se de fazer correr o texto no local do autocarro onde habitualmente passam as informações. Os motoristas dos autocarros foram especialmente treinados para este festival, assim como outros membros da empresa. O compositor trabalhou voluntariamente como empregado de limpeza dos autocarros entre as 23 e as 3 horas , para se integrar, de modo a haver uma ligação muito grande entre este projecto e o pessoal da empresa de autocarros.
No términus da carreira 1 há um edifício-ópera, onde em cada um dos 35 apartamentos está um cantor. Uma pessoa toca à campaínha e ouve uma ária através da porta. Cada um destes cantores fala com os residentes do apartamento onde está e com eles convive.
E muitas mais coisas acontecem, por exemplo um autocarro de ideias com os estudantes do Conservatório de Utrecht. Há também ópera em salas de espectáculos. No total são 24 as óperas que constituem este projecto diferente. À imagem da cidade e do país.
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